quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O CRUZAMENTO OU INSEMINAÇÃO

O cruzamento ou a inseminação

Ciclo Estral

Um ciclo sexual normal numa fêmea mamífera, também denominado Ciclo Estral, para efeito didático é dividido em diferentes fases, denominadas sucessivamente por: Proestro, Estro, Metaestro e Anestro. Cada uma dessas fases são perfeitamente individualizas uma das outras e caracterizam-se cada uma pelos seguintes sinais:


1 - PROESTRO - Inicia-se na puberdade, que ocorre nas cadelas em torno de um ano de idade, por aumento progressivo de volume da vulva, que pode atingir quase o dobro de seu tamanho habitual nessa fase. Sua mucosa torna-se mais avermelhada, e também mais lubrificada e úmida .

2 - ESTRO - É o período em que a fêmea aceita o macho e se deixa acasalar, tendo duração em torno de 9 a 12 dias nas cadelas. No início dessa fase ocorre a conhecida perda de sangue pela vagina, resultante do aumento da vascularização do próprio útero, que sob efeito do hormônio gonadotrófico secretato pela glândula hipófise está espessado e pronto para receber o óvulo quando fecundado, que nessa mucosa virá se aninhar, para assim poder receber os nutrientes necessários para se desenvolver e dar origem primeiro ao embrião, depois ao feto e por último ao filhote gerado. A ovulação, ou seja, rompimento do folículo ovariano pelo óvulo e sua subsequente progressão pela Trompa de Falópio e em seguida pelo corno ovariano ocorre durante essa fase, em geral no segundo dia do seu início, com duração média de 20 horas. Leva de 6 a 10 dias para esse mesmo óvulo quando fecundado já no corno uterino venha se aninhar no seio da mucosa uterina, ali se desenvolvendo por multiplicação celular e dando origem ao embrião, feto e seus anexos (placenta). É essa portanto a fase mais importante de todo o ciclo Estral, pois é nela que ocorre propriamente a fecundação do óvulo ou óvulos por diferentes espermatozoides ali depositados pelo macho no ato do acasalamento, e dela resultando quando tudo transcorreu normal, numa gravidez também normal e produtiva.

3 - METAESTRO - É a fase em que ocorre propriamente a gestação quando ocorreu fecundação, tudo comandado por efeito a distância de determinados hormônios secretados pela glândula hipófise, denominados fatores luteinizantes. Referidos hormônios secretados e depositados na circulação pela hipófise promovem a evolução do local dos ovários onde ocorreu ruptura e liberação de óvulos, em um verdadeiro calo de coloração amarela, e por isso denominado corpo lúteo, que passa a secretar o hormônio luteina. Referido hormônio também denominado Progesterona é o responsável entre outras coisas pelo desenvolvimento das mamas, nestas determinando o aumento de seus ácinos que mais tarde sob efeito do hormônio denominado Prolactina, este secretado também pela hipófise , terá sua secreção de leite iniciada e continuada.

4 - ANESTRO - É a fase do ciclo sexual em que esses mesmos órgãos estão adormecidos e se recuperando das fases anteriores, ou sucedendo a uma prenhez ou se preparando para futura gestação. No caso das cadelas que são consideradas monoéstricas, com dois ciclos por ano, ocorrendo o primeiro em torno dos seis a 9 meses de idade para algumas raças, ou entre 6 e 12 para outras raças, nessa fase a mucosa vaginal mostra-se de coloração rósea pálida e úmida, e o tamanho da própria vulva regride ao seu volume normal.

A determinação do momento ótimo para o cruzamento

Levando em conta a persistência do poder fecundante dos espermatozóides (aproximadamente 48 horas nas vias genitais femininas), é possível otimizar as chances de fecundação sincronizando o encontro de gametas "na sua melhor forma" para uma fertilidade e uma prolificidade ótimas. O ideal é que ocorra o cruzamento ou a inseminação nas 48 horas que se seguem à postura dos ovócitos para que os óvulos fecundáveis e os espermatozóides fecundantes sejam na sua maioria capazes de chega ao "local de encontro" (os ovidutos). Os óvulos permanecem fecundáveis durante um período de dois dias depois da maturação (algumas raças parecem até ficar fecundáveis durante mais de quatro dias) explicando assim as possibilidades de superfecundação por dois pais diferentes na espécie canina.
Toda a dificuldade consiste, portanto, em observar, o mais precisamente possível, os sinais biológicos da ovulação.                                                      
Para detectar o período de ovulação numa cadela no cio, o criador dispõe de varias ferramentas de precisão variável e complementar.                                        · O clareamento das perdas vulvares assinala geralmente o fim do proestro sem ser um sinal fiável da ovulação: algumas cadelas podem apresentar sangramento até ao final do estro;                                                                                                                                                                  · O cruzamento praticado sistematicamente por doze (12) dias após as primeiras perdas sangüíneas, em seguida dobrado dois dias mais tarde, é um cálculo prático, desde que se observem muito atentamente as primeiras perdas sangüíneas;
Contudo, esta estimativa permanece imprecisa porque algumas cadelas (aproximadamente 20%) ovulam fora deste período e ficarão, portanto, vazias ou irão parir apenas alguns filhotes.
· A aceitação do macho ou do rufião e a observação do reflexo de desvio lateral da cauda, também não são característicos da ovulação. A título de exemplo, já se viram cadelas permitir o acasalamento a partir do começo do proestro quando, na verdade, nos casos extremos, ovulam só trinta dias mais tarde!
Muitas cadelas permitem também, a cópula durante pseudocios de parto, infecções urinarias, ou quando secreções de estrógenos por quistos foliculares se traduzem por ninfomania.
· A medida da resistividade do muco vaginal com a ajuda de um galvanômetro permite apreciar com bastante precisão a fluidez das secreções vaginais. Este parâmetro geralmente cai logo depois da ovulação assinalando o fim do período de impregnação estrogênica e portanto, a renovação rápida das células vaginais. A sua medida fornece um valor diagnóstico infelizmente, muito tardio em criações, porque é mais útil prever a iminência da ovulação do que estar diante do ato consumado.
· As fitas reativas que permitem detectar as variações bioquímicas do muco vaginal são difíceis devem ser introduzidas profundamente dentro da vagina para evitar uma contaminação pela urina, o que é difícil. Os resultados são geralmente imprecisos (a mudança de cor pode ser observada nos três dias que precedem ou que se seguem à ovulação) e, portanto, pouco fiáveis.
· De acordo com as colorações utilizadas, os esfregaços vaginais permitem visualizar diretamente a mudança de aspecto das células vaginais, correlacionando-as com as variações hormonais, principalmente a de estrógenos. Esta técnica simples e econômica é atualmente empregada como rotina pelos veterinários e os criadores para realizar uma primeira estimativa da fase do ciclo sexual.

A realização de esfregaço vaginal

Depois de ter examinado o edema vulvar e prendido a comissura vulvar para baixo, o swab é introduzido verticalmente ao longo da parede caudal da vagina de forma a evitar ir contra a fossa clitoridiana. Uma vez atingida a parte superior da vagina, o swab é girado em posição horizontal e introduzido o mais longe possível sem forçar. Por meio de movimentos circulares, as secreções e as células esfoliadas são então coletadas em torno do colo do útero.
O aspecto do swab é habitualmente vermelho no inicio do cio, rosado a incolor no final do proestro e purulento em caso de infecção vaginal ou uterina.
A extremidade do swab é rolada delicadamente numa lâmina previamente desengordurada, evitando passar duas vezes pelo mesmo trajeto para evitar criar aglomerados de células.
O material coletado, é então fixado com um fixador celular para ser entregue ao veterinário em mãos ou é feita uma coloração para exame imediato.                        

A interpretação do esfregaço

Além da estimativa do momento da ovulação, os esfregaços vaginais têm múltiplas indicações.
Depois de uma fuga da cadela ou em caso de suspeita de cruzamento indesejado, o veterinário pode pesquisar a persistência eventual de espermatozóides (até seis horas após o coito). Também podem-se estimar os riscos de fecundação em função do estágio do ciclo sexual observado. A titulo de exemplo, se a cadela se encontra nesse momento em anestro, em começo de proestro ou em metaestro, estes riscos são mínimos e em qualquer caso menos significativos do que aqueles associados a um aborto médico precoce de conveniência.
Durante o período de anestro os esfregaços vaginais também permitem a adoção de alguns tratamentos que são contra-indicados durante os períodos de atividade sexual, tais como a maioria das terapias hormonais.
Finalmente, os esfregaços participam, juntamente com as dosagens hormonais, do diagnóstico de algumas causas de infertilidade (cios silenciosos ou anovulatórios, persistência de um corpo lúteo secretante ou infecção vaginal).
Por suas indicações, facilidade de execução, rapidez e baixo custo, os esfregaços vaginas são, portanto, serviços de grande utilidade em reprodução canina. Contudo, em alguns casos, quando a interpretação de um esfregaço causa dúvidas ou não de acordo com a clinica, ou ainda se o custo de um deslocamento ou de uma inseminação é significativo, o proprietário poderá completar esta análise com a ajuda de uma ferramenta muito precisa, a dosagem da progesterona sangüínea.
· A dosagem da progesterona sangüínea (sinal da postura ovular): próximo ao período de ovulação da cadela, a concentração de progesterona no plasma se eleva normalmente em alguns dias (cinco em média) em relação ao seu valor de base (menos de 2 nanogramas/ml) a mais de 40 ng/ml. Esta elevação pode ser mais ou menos.
Rápida de uma cadela a outra e para uma mesma cadela, de um ciclo a outro. Se lembrarmos que 80% das cadelas apresentam secreções por volta do seu 12º dia de cio, deduzimos que não é raro observar ovulações mais precoces ou mais tardias, particularmente em algumas raças predispostas (Dobermann, Pastor Alemão).
Considera-se classicamente que a ovulação ocorreu quando o nível de progesterona ultrapassa os 15 ng/ml (cuidado no entanto com as variações ligadas aos métodos de dosagem dos diferentes laboratórios) e conseqüentemente a cópula ou a inseminação artificial dever ocorrer nas próximas 48 horas levando em conta o tempo de maturação dos ovócitos e de um outro cruzamento dois dias depois do primeiro.                            
Este sinal, bastante preciso da libertação de ovócitos permite não apenas aumentar o índice de sucesso dos cruzamentos e das inseminações, mas também a prolificidade. Às vezes ninhadas pouco pequenas em muitos casos atribuídos à idade da cadela ou a uma libertação ovocitária insuficiente, estão simplesmente relacionadas à má escolha da data do acasalamento.
Portanto, a utilização conjunta e judiciosa dos esfregaços vaginais e das dosagens de progesterona, respeitando um protocolo preciso, possibilita um acompanhamento do cio bastante satisfatório e economicamente rentável: aumento da fertilidade e redução dos deslocamentos inúteis por cruzamentos improdutivos.

Fonte : http://www.mastim.com.br/informacoes/cruzamento.asp

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